quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Codinome Bouganville

o conflito entre alma e corpo
soubemos: ele não resistirá

como se resistíssemos nós, os não aca[l]mados 
como se não morrêssemos aos poucos 
a cada pílula
de uma vida pretensiosa

Lou Vilela

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Bacante II

ficou aquela sensação
a de sentir na garganta
o travo, a tez, sua ranhura
um último gole–poema
nu[m]a noite sem mesuras

Lou Vilela

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Balada para o amor

começasse assim
um quase
bem querer
e o tempo amalgamasse
nossas vidas

Lou Vilela


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Poema de aproximação

alegra tamanha transparência
daquilo que não cabe e reflete
poesia

alegra o que toca
na passagem do olho
e compõe a alma

a lucidez da língua a força
o signo a porcelana a boca
semiaberta essa flor
que sangra
e fere

Lou Vilela

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Engenho Santana

o pensamento sopra sem medida
feroz, em riste, vento a galopar

assombro, horizonte, seus bichos
: mulheres e homens partidos 
produtos de um outro lugar

sabem-se fome, espanto, sonhos caudalosos
em plácida mina d'água pra refrescar
buscam sinais, toques, sons do campo

nu[m]a terra de se plantar em canto 
vida que se colhe, poesia que não se perde
algo latente que insiste enramar

Lou Vilela