sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Geometria dos da(r)dos
eu saberia, não fosse o silêncio
a exata distância entre os céus
de nossas bocas.
Lou Vilela
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Nós intangíveis
eu precisava
você queria
nos coube um (a)mar
todas as falas que levam ali
dentro
cascata
nós intangíveis
pó de poesia
ressaca
Lou Vilela
você queria
nos coube um (a)mar
todas as falas que levam ali
dentro
cascata
nós intangíveis
pó de poesia
ressaca
Lou Vilela
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Evidências
A lâmina que suporta
[mais ávida, a língua]
desliza em zigue-zague
risca-me as vaidades
e as entranhas.
Lou Vilela
[mais ávida, a língua]
desliza em zigue-zague
risca-me as vaidades
e as entranhas.
Lou Vilela
domingo, 3 de novembro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
Ausência
Os sinos, as casas compunham
o tempo, sem eira nem beira
pedaços de nós, de feiras;
fornadas de pães.
Pudessem, indagariam o vento;
reivindicariam os meios;
rasgariam as folhas.
As palavras silenciam,
mas não adormecem.
Lou Vilela
o tempo, sem eira nem beira
pedaços de nós, de feiras;
fornadas de pães.
Pudessem, indagariam o vento;
reivindicariam os meios;
rasgariam as folhas.
As palavras silenciam,
mas não adormecem.
Lou Vilela
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Temporais do absurdo
quem chorará meus mortos
[perquiriu o personagem de patins
sobre a via esburacada]
quando me couber sorrir?
quem chorará a relva
atrasada no caminho?
os apressados a pisoteiam
os aluados a referendam [mas não cuidam]:
uma relva estática na folha
simbolizará o mundo?
quem chorará meus mortos
temporais do absurdo?
Lou Vilela
sábado, 14 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Poema sem título VIII
Multipliquei-me
para me sentir,
Para me sentir,
precisei sentir tudo.
(Álvaro de Campos)
bela e terrível
aquela expressão de assombro
invasão das camadas de incêndio
tudo era pouco, rude
um pulsar alegórico
de ausências
Lou Vilela
terça-feira, 30 de julho de 2013
Dos cantares
canto, pois, à despedida
em versos inexatos, em vão
obscuro, canto!
porque o momento é tênue
e a vida, sábia
sabia
sabiá
sabia
sabiá
Lou Vilela
* Mais um poeminha que estará no Livro da Tribo, edição 2014/2015.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Bordado
riscou-me, vazio inclemente
até que a morte nos cinja ponto a ponto
celeste, azul puro, expoente
Lou Vilela
até que a morte nos cinja ponto a ponto
celeste, azul puro, expoente
Lou Vilela
sábado, 29 de junho de 2013
Poema sem título VII
Arte de Fátima Queiroz
Pensava na opulência dos dias laranjas
Em meio aos cinzas
No ir e vir, na urgência
No desmantelo social
A cor em sobressalto
Alerta nada convencional
Pensava nos laranjas
No planalto endossado
Adoçado, lubrificado
Comendo a comoção nacional
E alguma gente que vai às ruas
Que vai às redes, mete a boca
Panfleta, esbraveja, mas não demove
(in)decisão, paletó, bicho-de-pé.
Lou Vilela
* Um dos poeminhas que sairá no Livro da Tribo, edição 2014/2015.
domingo, 9 de junho de 2013
Felicidade gutural
Pierre Bonnard 1941 Le Nu Sombre
bem quis
foi metáfora
impressionismo, demão
alargado sentido
asa
entre a.corda e o pescoço
Lou Vilela
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Relógio
Louise Bourgeois
era quase hora
saberia do canto, da robustez do diafragma
do espaço ocupado por coisas inúteis
dos segredos de cofre
em dedos de ébano e marfim
era quase hora
a palidez tamanha
na possibilidade corpulenta de um sim
o relógio desgastaria a máscara
resistência
era quase hora
Lou Vilela
sábado, 6 de abril de 2013
A dança das pedras
Trabalho do artista plástico Marcantonio*
à parte o silêncio, é sabido
as pedras compõem
sob ciclos
o movimento
Lou Vilela
* "Exposição de artes plásticas ocorrida no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro, entre Maio e Abril de 2009. Trata-se de um trabalho do artista plástico Marcantonio, desenvolvido a partir da gravura "Melancolia" do artista alemão Albrecht Durer, que viveu no século XVI."
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Linhas da metrópole - cena II
Imagem de arquivo pessoal
o cão aproveita tempo ameno
fecha os olhos, adormece
não se percebe sereno
o homem observa, tem a posse
do cão, do espaço, do 'close'
e almeja bem maior
passa o tempo, a cena não acomoda
o cão, impassível, sai -- levanta
toma água, fareja, morde a calma
lambe, resoluto, aquela cara
Lou Vilela
terça-feira, 2 de abril de 2013
A_cor_da poesia
Vie Dunn-Harr
nos dias azuis pintavam
alguns retratos
rugas (im)perfeições
solas de sapatos
tudo em cores.
Lou Vilela
quinta-feira, 28 de março de 2013
Prelúdio para a salvação III
Graça Martins
vestiu aquelas cores
arrebatados verões
entre o nu e o parapeito
ousou, pistilo e nuvem
Lou Vilela
domingo, 3 de março de 2013
Sob a última camada de silêncio
Serhiy Reznichenko
pode ser que um dia me encontres
sob a última camada de silêncio
legitimes nossas feras
gozos e signos, amor
persigo as luas
alguns versos
um copo cheio, refratário
sede, espanto
o que estranho por volátil
em meus dedos
maculada, transitória
liberdade
Lou Vilela
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Direção
Graça Martins, “Borderline Case”, 1992
acrílico sobre tela, 75 x 120 cm
acrílico sobre tela, 75 x 120 cm
a vida arde, amor
enquanto compõem os cinzas
reciclam as manhãs de inverno
houvesse seta
singraria espaços
à procura do alvo
despedaçados silêncios.
Lou Vilela
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Carrossel
Guido Boletti
o tempo. remoído
desselará os corcéis
todo vento, todo (a)mar
sob a brandura do instante
nossas pálpebras iluminadas.
Lou Vilela
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
O que há
Exposição “Mar de dentro, mar de fora”, de Eduardo Ferreira.
Tema: "moda sustentável". Foto: Renato Filho.
Locação: Baía dos Porcos / Mar de Dentro – Fernando de Noronha / PE
eu já nem sequer me reconheço
naquele mar de dentro
treze anos se passaram
ainda há pulso. mas há também uma tal
realidade que me engole
Lou Vilela
Pulsa o ventre em:
Baia dos Porcos,
Eduardo Ferreira,
Fernando de Noronha,
Mar de Dentro,
Poesia,
Renato Filho
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