sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo, meu povo!!

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Que a poesia invada corações
e coroe o temp(l)o de gigantes.

Lou Vilela
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Demasiado humano



Atrozes, os lobos se manifestaram,
Devoraram-me a poesia.
Esperança! – insisti,
Mas aqueles olhos crestam
O verbo, os sinos, as pontes.

Lou Vilela
 .

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Poesia fractal

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Enredada

toda ‘fome’ é sacana
buraco no olho
teia de aranha.
 
Lou Vilela




 


João Cabral

Parte de ti me escapa
Outra parte me embucha.

Lou Vilela





 

Poema sem título III

Madura teu gosto de fruto
Em meus olhos sapotis.

Lou Vilela




  

Divisa

Era hora do rush
De sonho maduro
Raiz na parede

Lou Vilela


  


 

Divisa II

Era o prato, a brisa, a tez
E uma vida roubada.
 
Era o canto, a dança, a vez
E nenhuma culpa.

Lou Vilela



 * Imagens: Fátima Queiroz

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Aos passantes:

Espero que tenham tido um Natal feliz e iluminado! ;) 

Infelizmente, ainda não consigo responder a todos os comentários/e-mails, nem sequer retribuir as visitas, mas alegra-me cada qual em seu modo, inclusive, os de passos mansos e olhares silenciosos.

Um grande abraço para todos,
Lou


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Caranguejo em rede

 
Corda de caranguejo, por Marcus Sampaio



Sob a cama de mangue
O caranguejo arisco
Faz da poesia seu vício
Antes de ir pra panela

O vai e vem da maré
Seu menstrual ciclo
Inunda as mãos massapê
Planta no pé precipício

Imprime folha e cheiro
Ecossistema à deriva
Carregado em corda

Lou Vilela
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pedra de amolar

Mulher nua dorso fase III - Raquel de Melo


De tão afiada, a faca
Esculpe o dorso
De tão afiada, à míngua
A língua enquanto faca
Mói o osso

Lou Vilela
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Outro (a)mar

Desconheço a autoria da imagem.



Quando terra, lua, ar
Navego-te oceano
Em barco de papel
Ancorado na estante.

Lou Vilela

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Eco

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[num instante]
a vida impregnada
[noutro]
nada
nada
nada
nada

Lou Vilela
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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Prismático




São vagas as impressões
de onde olho:

um projeto girassol
em sombras de parede;

um lastro poema
de ouvido.

Lou Vilela

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domingo, 27 de novembro de 2011

Soul


Para Ray Charles


Ray Charles, by Junior Beéfierr



I
Os lábios selaram a despedida
não pôde ficar
,entre vãos,
retido.

II
Aquela porta para a estrada
[num quase nada]
cumpria o papel:
liberdade! liberdade!

III
Carregava no peito o desassossego;
nos olhos, todas as luas.

IV
A casa da infância
sorria, desdentada,
corroída pelo tempo
sem implante.

V
As letras, arabescos, serpentinas,
transitavam carnavalescas.

VI
O tempo, alforria e esteio.

Lou Vilela
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domingo, 13 de novembro de 2011

Discriminada

Imagem extraída daqui.


toca-se a língua
meio morna, meio lenta
meia larva

incoerenteMente
re par ti da

Lou Vilela
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bela luna





Faz das ruas um palco;
da plateia, gato e sapato;
das pedras, querubins.
Irrompe noites em rima.
Quando cheia, pantomima;
parece, vai explodir.

Lou Vilela
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sábado, 5 de novembro de 2011

Calendário



À Daniela Delias, por seu 'Calendário Poético' e outros tantos.

 J. Anderson


 
equilibro junhos, ajusto
ardo dezembros de fênix
todo janeiro estreio.

Lou Vilela
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Fin(c)ados


 
Da série raízes aéreas, de Laura Gorski.


Alguns, na saída,
nem sequer se despediram:
até hoje, é como se fossem retornar

sem prévio aviso

para o almoço.


Lou Vilela

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

La vie en rose

Mon’ry, printed for the Galeries Lafayette Berlin.


Provocada
Decompôs teorema

No fim restaram
Sob seu espanto
Poemas

Lou Vilela
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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eólica

Raça cia de dança. Imagem aqui.



Floresce assim uma saudade:
ouço o murmúrio dos ventos,
teus dedos longos.

Lou Vilela
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Somos todos margem e nau

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............
Civone Medeiros na Performance LIVROCORPO, foto Flávio Aquino



roubaram-me o carro,
a casa, a conta bancária,

menos a alma, vaga,
nimbo sem perfeição.

esporraram-me a cara,
enrugada condição.

Lou Vilela




sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ouse

Christiaan Tonnis -Virginia Woolf, oil on canvas, 1998.


 Ouse

É preciso um silêncio, uma febre, uma pena:
Arrancar a pele mil vezes, revirar o estômago;
Prescindir de perfurar os olhos,
De enfiar nos bolsos todas as pedras.

Lou Vilela


* No dia 28 de março de 1941, Virginia encheu os bolsos de seu casaco com pedras e afogou-se no rio Ouse.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Peleja

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Retirantes, Cândido Portinari.


Vaga.mente por entre cactos
Uma sede cresta Ser.tão
Disputa palma com o gado.

Lou Vilela



* A palma constitui alimento volumoso suculento de grande importância para os rebanhos, notadamente nos períodos de secas prolongadas, pois, além de fornecer alimento verde, contribui no atendimento de grande parte das necessidades de água dos animais (Lira et al., 1990).

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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Antipoema para olvido

Gustave Doré - A Divina Comédia


Chega o dia em que se percebe que não há pausas.
- Como tratar as feridas?
 
O mundo é um rolo compressor.
- É preciso agilidade para não ser esmagado.

E tudo tem um preço.

Os medos crescem:
lida-se com a violência, com a intolerância, com o desamor;
o sumo da bestialidade, a fera de cada um.

Os bolsos vão-se esvaziando.
Sim, há um preço [e um risco].

Com_tudo há também o arco, a flecha [o impulso]
e quintanares de possibilidades
além do excremento humano.

Lou Vilela
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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Plausível silêncio

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Salvador Dali, 'Hercules Lifts the Skin of the Sea and Stops Venus for an Instant from Waking Love '.


Toma-me o linho
o pejo
sítio vão.

Componha-me lento.

Dias plurais
[os de encontros]
forjam instantes
infinitos.

Lou Vilela
 .

sábado, 6 de agosto de 2011

Ramagem

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Quis um poema que extrapolasse:
Dimensão e vício:

Compôs-se manso
O silêncio.

Lou Vilela
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alô, câmbio!

Imagem da internet, sem identificação de autoria.



Algumas notícias:

► Só agora estou podendo compartilhar uma novidade: alguns de meus poemas foram selecionados para compor o Livro da Tribo, versão 2012/2013. Para mim, uma honra e um privilégio! haja vista a qualidade do produto, que circula nacionalmente, e a participação ativa de excelentes poetas.

► Quem ainda não teve a oportunidade de ler o belo texto que o querido Fouad Talal me dedicou, é só clicar aqui.

► Enfim, meu tratamento de saúde deve se estender até o fim do ano, mas está tudo caminhando bem; sigo, firme e forte! ;-)

Um abraço aos passantes e um agradecimento especial àqueles que acompanham este blog.

Atenciosamente,
Lou
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terça-feira, 12 de julho de 2011

Ainda que eu seja apenas palavra

                                                                                                    

                                                                                                                   Para Leonardo Martins



  Yves Tanguy, “Hands and Gloves”



Posso escrever(-me) naquelas paredes
Cada ranhura
Posso, inclusive, incorporar
O branco gelo das escolhas
Dedicá-lo aos mortos
Mas escorro - textura lisa
Aglutinada em rodapés
De tempo: telas surreais.

Lou Vilela

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

O poeta


Ao poeta Marcantonio pelo seu aniversário.

Clique na imagem para ampliar.


* Vejam outras homenagens no sarau festivo organizado por Cris de Souza, do 'Trem da Lira'. 
** Por questões técnicas, este poema foi publicado no sarau sem a imagem.

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sábado, 11 de junho de 2011

12 de junho

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Google imagens


Hoje não é o nosso dia:
Falta-nos [bem passado] um presente
Uma música
Um anel de compromisso.

Hoje é apenas mais um dia
Daqueles que me tocas [a teu modo]
Daqueles que te toco [a meu modo]
E tudo silencia.

Lou Vilela
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** Ainda estou em tratamento de saúde, por isso a ausência. Um grande abraço a todos e obrigada pelo carinho! :))
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domingo, 8 de maio de 2011

Flores de ferro




O ferrageiro de Carmona

Um ferrageiro de Carmona
que me informava de um balcão:
"Aquilo? É ferro fundido,
foi a fôrma que fez, não a mão.

Só trabalho com ferro forjado
que é quando se trabalha ferro;
então, corpo a corpo com ele,
domo-o, dobro-o, até o onde quero.

O ferro fundido é sem luta,
é só derramá-lo na fôrma.
Não há nele a queda-de-braço
e o cara-a-cara de uma forja.

Existe grande diferença
do ferro forjado ao fundido;
é uma distância tão enorme
que não pode medir-se a gritos.

Conhece a Giralda em Sevilha?
De certo subiu lá em cima.
Reparou nas flores de ferro
dos quatro jarros das esquinas?

Pois aquilo é ferro forjado.
Flores criadas em outra língua.
Nada têm das flores de fôrma
moldadas pelas das campinas. 

Dou-lhe aqui humilde receita,
Ao senhor que dizem ser poeta:
O ferro não deve fundir-se
nem deve a voz ter diarréia.

Forjar: domar o ferro à força,
Não até uma flor já sabida,
Mas ao que pode até ser flor
Se flor parece a quem o diga.

(João Cabral de Melo Neto)

Flores de ferro

Quis, Cabral, meu poeta,
Apresentar-me um tal sujeito,
"O ferrageiro de Carmona".
Retruquei, não tenho forma;
Forjar, “nonsense”, atrevo-me:
Domar palavras, enviesá-las
Tem sido desassossego.
As flores que eu enredo
Não bancam sequer o enterro,
Mas perfumam o meu nariz.

(Lou Vilela)
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terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma ciranda: "Descortinar"


Há algum tempo, participei de cirandas no RL, uma delas com o mote "Descortinar"  proposto por Maria da Glória Perez.  É uma gostosa brincadeira, além de uma oportunidade de aprendizagem.  Enfim, trouxe  o mote para a construção de mais uma ciranda. Caso queira participar, é só deixar o seu texto no campo de comentário. O texto será transcrito para a página inicial do post com indicação de autoria e com um link para o blog do autor - uma forma de interação e divulgação de autores e de seus respectivos trabalhos. Convide mais cirandantes! ;)

A ciranda poética tradicional é composta em trovas, mas aqui serão permitidas outras variações (haicai, poetrix,  rondel, etc.).

Mais algumas considerações sobre ciranda: aqui.

Um abraço a todos!



Clique na imagem para ampliar.
Texto e imagem: Lou Vilela
 



Descortinar

Após abrir a cortina,
Participar do espetáculo...
Ser artista, a minha sina;
A vida, um grande palco.
(Lou Vilela)

"fresta na janela
festa nos olhos"
(Assis Freitas, "mil e um poemas")

"queria não ter esses olhos e nem essa pele
e nem essa alma perdida que se comove com o mundo"
(Adriana Godoy, "Voz")

"Janela,
Porta da alma profana,
Olhos dela,
Seus cílios, persiana."
(Eder Asa, "Lura da Quimera") 

"Abrir janelas no meio da tarde
Deixar o sol entrar
E desenhar asas com lápis de cera
para o infinito alcançar."
(Lu Guedes, "Menina no Sotão")

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sônia

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Desconheço a autoria da imagem.



Eram corda bamba
Vida amor paixão
Marias Josés Petrovskys
Assim – russo – sem rima
A morte os com sortes amém

Lou Vilela


* Curiosidade: Sônia, “russo, Sonja, significa sábia. Ou variação de Sofia. Simboliza o respeito por valores éticos e morais”.


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Resta

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Da fome do bicho homem
um buraco que nos come.

Lou Vilela




* Criado para uma arte de Fátima Queiroz (ainda inédita).

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Revista Perspectivas - Março

 

As mil faces de Eva


Edição                          Produção
Lunna Guedes              Estação zero

Conteúdo.
Contos.
Elas - Suzana Guimarães
Perfume da Noite - Ricardo Novais

Poesia

Ela por elas
Letícia Alves, Luciana Nepomuceno, Lunna Guedes, Madalena Barranco,
Sandra Cajado, Suzana Martins, Tatiana Kielberman e Wania Victória.

Matérias

- as Marias, simplesmente poesia
- Inspire-se na noite - essa presença feminina
- Com as proprias mãos (literatura feminina)

Está no ar, acesse e boa leitura:

http://www.bookess.com/read/7907-revista-perspectivas-marco/

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Massa atônita

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Simulação do comportamento dos buracos negros, estrelas 
e nuvens de gás após o Big Bang. Imagem copiada daqui.


Eram os ossos malabares
De vidas sem ensaio
De corpos sem refrão.

Eram poços os olhares
Atômicos.

Lou Vilela
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quinta-feira, 31 de março de 2011

O bonde

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O último bonde, Sandra Nunes




O tempo impreciso, necessário
Anda às voltas – turbilhão;

Deixa rastro de estrelas
Todas idas nalgum bonde
Caleidoscópica estação.

As cidades iluminadas
Mais parecem lá do alto
Liturgia, profissão;

Arrebentam todo dia
Os que acordam em romaria:
Bando de arribação.

Ecoam pelo sagrado
Medos, martírios, brinquedos
Marionetes de colisão:

Há na fugacidade
Uma gente dissonante
Passos simples, claudicantes
Que se vinca em contramão.

Lou Vilela



* Ainda estão tentando me consertar, por isso a ausência. ;-) Um forte abraço a todos!

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